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Donos de cães e gatos substituem ração por dieta natural

FERNANDO BADÔ
DE SÃO PAULO
Matéria publicada na FOLHA DE SÃO PAULO.
http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/1201393-donos-de-caes-e-gatos-substituem-racao-por-dieta-natural.shtml

Aos dois anos de idade, a buldogue francesa Tallulah já vive momentos de glória. No fim de 2011, conquistou o título de Jovem Campeã Brasileira da raça, em concurso da Confederação Brasileira de Cinofilia (amor aos cães). E, como toda vencedora, mantém uma dieta especial -ela não come ração, apenas carnes, ossos, vegetais e outros alimentos não industrializados.

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Tallulah recebe a alimentação natural, um conceito de dietas para pets conhecido no exterior e que vem ganhando adeptos no Brasil. “Não entendia como um alimento sem variedade em forma de ‘bolinhas’ poderia suprir as necessidades dos meus cães”, afirma a criadora Vivianne Mello, proprietária do canil Vix Bull, onde vive Tallulah.

Há vários tipos de alimentação natural. As baseadas em carne incluem ossos carnudos, vísceras, frango e peixe. As onívoras adicionam ovos e vegetais crus, mas, dependendo do animal e da intenção do proprietário, ela pode ser 100% cozida, livre de ossos e até mesmo vegetariana.

FALTA DE INFORMAÇÃO

Anos atrás, a prática já foi considerada inapropriada. “Quando fui apresentada a esse tipo de dieta, em 2007, nenhum dos veterinários com quem tentei conversar aceitava o conceito”, diz a veterinária Sylvia Angélico, que mantém o site Cachorro Verde (www.cachorroverde.com.br).

“Precisei importar livros, me informar em sites em inglês. Abri meus horizontes para um universo de possibilidades saudáveis”, completa. Se elaborada com acompanhamento especializado, a alimentação natural oferece alta qualidade nutricional para os pets. Mas é preciso organização e disciplina.

Quem é adepto garante que vale a pena. “Parece exagero, mas a disposição dos cães é outra. Eles ficam menos doentes, apresentam menor queda de pelos e não há acúmulo de tártaro”, afirma a criadora Kathleen Schwab, do canil Phanomen.

Apoiada por resultados clínicos, Viviane concorda. “Os exames de sangue mostram um aumento da imunidade”, conta ela. Sylvia também aponta benefícios percebidos em seus pacientes. “As mucosas ficam mais úmidas, há perda de massa gorda e aumento de musculatura, a resistência do organismo a parasitas e doenças aumenta e nota-se a melhora de quadros crônicos de vômitos, diarreia, otites e alergias.”

Para a veterinária Tatiana Pelucio, assessora técnica do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo, não há contraindicações, “desde que a dieta seja estabelecida e acompanhada por um profissional, inclusive com relação ao preparo e ao manejo dos produtos, principalmente os crus”.
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A transição para a alimentação natural, no entanto, não deve ser feita sem orientação profissional. “É indispensável que a alimentação seja devidamente balanceada, adequada por tipo de espécie, raça, porte, idade e hábitos de vida”, diz Tatiana.

Cada animal deve ser avaliado individualmente e a elaboração do cardápio deve levar em conta desde tamanho e peso até a idade. Além disso, há características específicas de cada espécie: felinos, por exemplo, necessitam de mais proteína e de taurina, um aminoácido essencial para o bom funcionamento do coração e dos olhos dos bichanos.

“Uma alimentação balanceada contém proteína animal, gorduras saudáveis, vitaminas, minerais e fibras. Quanto maior a variedade de ingredientes na dieta, mais nutritiva ela será”, afirma Sylvia.

ANTES DA REFEIÇÃO
Para evitar problemas, algumas medidas são necessárias. Antes de oferecidos aos animais, os alimentos precisam ser congelados. Ossos devem ser oferecidos crus, já que o calor altera sua composição, tornando-os mais rígidos, podendo provocar engasgos e perfurações gastrointestinais. E os pets devem ser supervisionados enquanto comem.

O proprietário também precisa saber que a alimentação natural não é tão prática e demanda disciplina. “É menos conveniente do que pegar a ração e colocar no potinho do cão”, admite Vivianne.

“É preciso pesquisar, comprar os ingredientes, organizar e armazenar as refeições”, completa Kathleen. “Compramos um freezer e uma geladeira especialmente para os cães, e temos de nos lembrar de descongelar o alimento a tempo da próxima refeição”, afirma ela.

Para a criadora, a prática também vale a pena em termos financeiros. “Considerando que usávamos as melhores marcas de ração, vale a pena, sim. Mas vale mesmo pelo bem-estar e pela saúde dos cães”, completa.

VANTAGENS
Sabor: O cardápio é variado e mais palatável
Saudável: Reduz o índice de gordura, melhora a imunidade e dá mais disposição
Dentes: Ajuda a mantê-los naturalmente limpos e o hálito mais fresco
Higiene: As fezes são menores, mais secas e têm menos odor

DESVANTAGENS
Falta de praticidade: Abrir um saco de ração e oferecer em um pote é muito mais fácil
Sem volta: Pode ser que o animal não aceite mais comer ração
Espaço: Armazenar comida ocupa mais lugar no freezer
Disciplina: O proprietário deve estudar o assunto e seguir orientações à risca

 

Alimentos cozidos X alimentos crus

Dr William Costa Estellai

Este texto tem por objetivo esclarecer porque nossa opção por alimentos cozidos no Canil Nabuco.

Wortinger (2009) considera importante o cozimento do alimento oferecido na dieta, pois isso melhora sua a digestibilidade, além de eliminar bactérias e parasitos que podem causar doenças. O aumento da digestibilidade permite um melhor aproveitamento dos nutrientes por parte dos cães, que são carnívoros e têm por características possuírem um tubo digestivo proporcionalmente mais curto que os humanos.

Um bom aproveitamento dos alimentos evita uma perturbação interna nos animais. Esta perturbação constante aumenta a secreção de tiroxina e catecolaminas que, consequentemente, elevam os processos oxidativos, interferindo na obtenção de energia por parte do animal (Gürtler, 1987).

Para Schwartz (2008), os cereais e vegetais devem ser bem cozidos, pois os cães não mastigam o alimento. Na sua maioria, seus dentes foram designados, primariamente, para cortar a carne e não mastiga-la. Além disso, seus tratos intestinais são mais curtos que os do homem. O cozimento deve ser feito em fogo baixo e de uma forma que a água seja reabsorvida. As carnes podem ser cozidas junto com os cereais e vegetais.

O excesso de consumo de alimentos energeticamente Frios segundo a MTC, e crus, podem enfraquecer o Baço, em especial o Yang do Baço (Maciocia, 2007). Estes alimentos produzem Frio e Umidade, que enfraquece o Yang do Baço (Auteroche e Navailh, 1992). O Baço-Pâncreas tem como uma de suas funções governar a transformação da essência dos alimentos e líquidos que ingerimos em Energia (Carvalho, 2002).

FONTES CONSULTADAS:
AUTEROCHE, B., NAVAILH, P. O diagnóstico na Medicina Chinesa. São Paulo: Andrei, 1992. 420 p.

CARVALHO, G. E. F. Acupuntura e fitoterapia chinesa clássica. Rio de Janeiro: Taba Cultural, 2002. 366 p.

GÜRTLER, H.; KOLB, E.; SCHORÖDER, L.; KETZ, H.; SEIDEL, H. Fisiologia Veterinária. Rio de Janeiro. Ed. Guanabara Koogan, 1987. 612 p.

MACIOCIA, Giovanni. Os fundamentos da medicina chinesa: um texto abrangente para acupunturistas e fitoterapeutas. São Paulo: Roca, 2007. 967p.

SCHWARTZ, C. Quatro patas, cinco direções: um guia de medicina chinesa para cães e gatos. São Paulo: Ícone, 2008. 470 p.

WORTINGER, A. Nutrição para cães e gatos. São Paulo: Roca, 2009. 236 p.

 

Alimentação Natural: Dicas Importantes

Dr. William Costa Estellai

O tema sobre alimentação natural ganha mais espaço a cada dia na mídia. Desta vez o assunto foi abordado na revista Meu Pet (Ano I – Edição 06 – Janeiro/2013). Na reportagem É possível ter um pet vegetariano”, um dos entrevistados foi o veterinário Aulus Carciofi, especialista em nutrição do Departamento de Clínica Animal da Unesp Jaboticabal. A seguir, o texto da reportagem, na íntegra:

RISCOS PARA A SAÚDE DELES: O fundamental para alimentar o pet com dieta vegetariana é seguir rigorosamente as recomendações veterinárias. O que pode acontecer se você não seguir as orientações? O veterinário Aulus Carciofi, especialista em nutrição do Departamento de Clínica Animal da UNESP Jaboticabal, responde a essa pergunta com um alerta: “- Na dieta vegetariana, se a deficiência de proteína não for corrigida, os danos para a saúde do animal podem ser irreversíveis.”

Os problemas mais comuns decorrentes de carência nutricional são desregulamentações das funções orgânicas, como diarréias, disfunções urinárias, perda de vigor físico, queda ou falta de brilho nos pelos e irritabilidade na pele. Mas Carciofi lembra que outros problemas ainda mais graves podem acontecer: -“O cão com problemas nutricionais pode desenvolver a chamada barriga-d’água, que é o acúmulo de líquido nos órgãos digestivos”, explica. “Em casos extremos, pode gerar tumores e até provocar a morte”, diz. Para transformar o cachorro em um vegetariano saudável, o acompanhamento deve ser constante.

Em nossa última reunião, dia 10/05/2013, Angela e eu debatemos as observações do Dr. Aulus, e chegamos à conclusão que a dieta foi muito bem assimilada pelos pugs. Todos os problemas citados pelo Dr. Aulus já aconteceram no canil, mas antes da implantação da dieta natural. Angela disse: “- Tivemos aqui problemas digestivos sérios com o uso de ração Super Premium durante 15 anos, levando aos mesmos sintomas relatados pelo Dr. Aulus, não por uma desnutrição decorrente da falta de proteína, mas provavelmente como uma decorrência de alteração em sua absorção, causada por disfunções hepáticas graves, diarréias e vômitos frequentes. Três cães foram a óbito, e dois outros seguiriam pelo mesmo caminho”.

Após a substituição da ração pela dieta caseira, em outubro de 2011, os problemas que os animais apresentavam foram resolvidos, e todos estão cada vez melhores, tanto em termos de saúde, como em termos de vigor e beleza.

Esse é um exemplo que a alimentação natural, além de mais saudável, serve como tratamento, como diz a Medicina Tradicional Chinesa.

 

Os Alimentos e o Câncer

Dr. William Costa Estellai

Uma amiga veterinária dizia que, na rotina da clínica, as doenças vinham por semana: semana da cinomose, semana da diabetes, semana da insuficiência renal, etc… Estou (infelizmente) na “semana” dos tumores.

Então me lembrei do Prof. Eduardo Lobo, que em seu ótimo livro “Acupuntura na prática clínica veterinária” (Artmed, 2012) fornece importantes informações sobre alimentos que atuam no tratamento do câncer. Ele conhece do muito do assunto, pois além de ter especialização em Medicina Tradicional Chinesa, também é especialista em oncologia veterinária. Segue a lista:

– Banana: contém mucina que regula a função imunológica
– Maça: contém pectina que ajuda em casos de neoplasias (câncer)
– Laranja/tangerina: contém tangerin substância com propriedades anticancerígenas e vitamina C que estimula o sistema imunológico e é antioxidante
– Damasco: contem flavonoides, antioxidantes importantes para animais com câncer
– Tomate: seu cozimento ativa flavonoides presentes que agem como anticancerígeno

Além destes: arroz integral, batata, alho, soja, coentro, chá de folhas ou frutos da romã, aveloz, açafrão, Aloe vera, cogumelos em geral.

No canil Nabuco temos uma experiência muitíssimo interessante. Em abril de 2012, após alguns dias com estrias de sangue na urina de Talita, um pug então com 12 anos de idade, foi realizado um ultrassom. Para nossa preocupação, apareceu uma imagem sugestiva de massa (tumor) na bexiga. Apesar disso, Talita estava ótima, não demostrando passar por dificuldades. Pensando nos prós e contras, Angela e eu optamos por não fazer a cirurgia. Talita já fazia uso da alimentação natural desde outubro de 2011, então acrescentei em seu tratamento o fitoterápico Ganoderma Reish (Cogumelo do Imperador ou Ling Zi). Os meses foram se passando, e Talita continuava ótima, o sangue foi desaparecendo da urina e nossa expectativa aumentando. Mês passado (maio/2013) foi repetido o ultrassom, e para nossa alegria e espanto, o tumor diminuiu cerca de 70% segundo o veterinário responsável pelos dois exames.